domingo, 6 de abril de 2014
Eu vi uma floresta
Onde o solo comia pedras
Eructando árvores enrijecidas e escamosas
Seus galhos secos eram alfanjes
Seus frutos eram tijolos
As casas inópias de pão
Pregoavam caridade franzindo as duas portas
Lobos vorazes fomentavam a pele com a própria língua
Depois de lavarem as bocas com a carne dos pardais
Vi uma epígrafe com a seguinte mensagem:
“São os campos áridos que mais precisam de flores”.
Havia uma menina ditosa que trabalhava os seus sonhos
E como um real sonhador guardava o relógio nas costas
Ela era Poesia
E no seu jardim acadêmico
Vivificou os seus brinquedos
Falou a linguagem dos sentimentos
A menina abriu um suntuoso baú
Dele retirou um piano
Enternecendo a Floresta no final da noite
Os brutos dormiam sob pedras...
E eu pude testemunhar próxima a um regato
O silencio do Uirapuru
Para ouvir aquela menina destilar sua canção
Tenacidade
Para Alba com amor
Natal, 23 de Julho de 1991
Liane Monteiro
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